As biografias a seguir foram escritas com base nas entrevistas concedidas pelas próprias lide-ranças do jarê biografadas. Nelas são contadas trajetórias pessoais que fazem parte da própria história do jarê de Lençóis e da Chapada Diamantina. Durante as entrevistas alguns pontos cha-maram a atenção, como a observação feita por quase todos de que já não existe mais jarê na cidade, e o grande respeito e devoção a Pedro de Laura pelos que conviveram com ele, sempre lembrado como um dos maiores mestres da Chapada Diamantina. Ao final dessa página são citados nomes de antigas lideranças recordadas pelos entrevistados, demonstrando que o res-peito e reconhecimento aos que se foram e veneração à ancestralidade são fundamentais entre os praticantes da religião.
Cosme José de Sousa tem 84 anos. É filho de Isaulina e Fernando, que foi um grande curador feito pelo pai de santo Sabino. Quando nasceu, sua família morava em Ibiquera, na fazenda Lagoa da Onça. Seu pai, Fernando, trabalhava na fazenda de Mário Hora durante a semana, cuidava de sua roça nos momentos livres além de prestar o serviço de curador para a comunidade.
Sua mãe, Isaulina, teve vinte e cinco filhos entre os quais quatro pares de gêmeos, que faleceram na infância. Cosminho é um desses oito gêmeos. Nasceu “mabaço” com Damiana, que faleceu ainda criança. Quando Cosme ficou doente aos cinco anos sua mãe prometeu que faria a festa para Cosme e Damião para que ele sobrevivesse. A graça foi concedida e Isaulina continuou a fazer a festa até o filho completar 18 anos, quando transferiu a ele a responsabilidade pela obrigação que havia feito. Cosminho possui muitos orixás pois, segundo suas filhas, ele assumiu as aldeias do pai, da mãe e de todos os gêmeos falecidos.
Como é comum de se ouvir no jarê, na história de Cosminho também há um período de loucura. Quando era jovem, enlouqueceu e ficou cinco dias no mato, dentro de uma moita de espinho rodeado por uma cascavel. A cobra eram os seus guias que faziam a proteção enquanto ele recebia todas as forças para se tornar curador. Da moita foi tirado à laço e levado ao terreiro de seu pai para tomar os remédios. Depois desse acontecimento, fez santo com Sabino. Era para ser curador, porém não quis assumir o legado de seu pai, comprometendo-se com a festa e em benzer a quem precisasse. Quando se casou com Bernardina, mudou-se para a fazenda Morrinho Encantado, depois para Tanquinho, seguindo para a sede de Lençóis, onde se situa o Terreiro de Ogum Guerreiro há mais de trinta anos. Atualmente, suas filhas e netas dão continuidade à festa do pai. Essas mulheres possuem um forte vínculo com a “festa do pai” e querem continuar com o festejo após a partida de Cosminho, se ele assim o desejar. A festa da casa dura três dias, com muita comida, crianças, reza e até um reisado.
Gilberto Tito de Araújo, filho de Albertino e Maria, tem 56 anos e é conhecido por todos em Lençóis como Damaré. Ele frequenta o jarê desde criança, quando ia acompanhado de sua avó. Recorda de ter ido nos jarês de Domingo Narizinho, Pedro de Laura, Dona Flora, Dona Aninha, Ana de Leque, entre outras casas. Quando conta sua história nos diz que não houve uma moti-vação específica para começar um jarê, mas que quando “você vem marcado, não tem pra onde correr, tem que cumprir com seu destino”. Há dez anos construiu sua casa de jarê, onde realiza sua festa em 17 de setembro.
Seu terreiro é nomeado em Página Inicialnagem à uma pedra próxima à localidade, onde estão alguns dos assentamentos de Damaré. Para chegar no Peji Pedra Branca de Oxóssi, que se situa pró-ximo ao rio Mandassaia, é necessário caminhar cerca de 20 minutos por uma trilha. Percebe-se que estamos adentrando um terreiro, pois vemos os ornamentos cabalísticos que o cercam: panos coloridos amarrados nas árvores, cabeças de bonecas, bacias com água, algumas imagens e esculturas.
Damaré é artesão. Começou como lapidário, trabalhando pedras semi-preciosas em formatos de animais. Porém, produz e comercializa artesanatos dos mais diversos. O trabalho de trans-missão de conhecimento no jarê, segundo Damaré, guarda semelhança com o ofício de lapidar pedras que domina: “A gente é como se fosse um diamante bruto que tem que lapidar para ficar perfeito. Um curador quando pega um filho de santo ele tá lapidando pra poder fazer uma joia. Eu entrei em Daso pra ajudar ele a levantar a casa dele. Desse tempo pra cá ele é meu pai de santo”.
Maria Damiana dos Santos, como a maioria que herda este nome, é gêmea. Não é mãe de santo e não possui um terreiro, mas bate jarê para Cosme e Damião como é comum ser obrigação dos gêmeos. Sua irmã Dami também dá uma mesa de Cosme e Damião quando chega setembro. Conta que antigamente faziam a festa em uma roça conhecida por “Bonita”. Quando os festejos eram lá, duravam nove dias. O pai delas, Feliciano, é quem começou com a festa aos santos gêmeos e ocupou-se de fazer o “cariru” até as filhas crescerem e assumirem o compromisso.
Outras manifestações da cultura popular de Lençóis também são praticadas na família. Há mais de trinta anos Damiana se veste de baiana e participa na lavagem da escadaria da igreja do Senhor Bom Jesus dos Passos, rito de início da novena em Página Inicialnagem ao padroeiro dos garim-peiros. Seu marido era garimpeiro e seu filho hoje participa da marujada Barcas em Rios.
Em Lençóis é muito comum os festejos para Cosme e Damião. Por muitas vezes são obrigações derivadas de promessas. “Dão a mesa” de Cosme e Damião onde pode ser servida canjica, va-tapá, caruru, além de doces e balas. Durante a mesa, também se faz a reza aos santos de devo-ção.
Gildásio Batista de Oliveira é conhecido na cidade por Daso, mas no jarê é chamado de Pai Gil. O Terreiro Pai Gil de Ogum fica à beira do Rio das Toalhas, em meio à mata. Iniciou-se no jarê aos 10 anos ajudando sua mãe, Luzia Batista, a fazer a festa de Cosme e Damião. Luzia foi feita pelo curador Zé Rodrigues e, após 30 anos realizando o festejo para os santos gêmeos, ela se converte à “lei de crente”. Com a saída de sua mãe do jarê, Daso sabia o que fazer para manter a tradição. Sua sabedoria vem de sua linhagem: de um lado da família sua avó Ana era indígena e seu avô, Zé Torto, rezava animais. Zé Torto marcava o casco dos jegues para poder rezar e curar pelo rastro que o bicho deixava. O seu outro avô era o curandeiro Justo Canela. Assim, quando sua mãe se desfaz das imagens e atabaques na beira do rio, Daso as recupera e passa a cuidá-las no quintal de casa, continuando os festejos de Cosme e Damião e até rezando algumas pessoas.
Depois de algum tempo, foi buscar Pedro de Laura para “graduar os meus guias: fazer a limpeza, o batizado e a matança”. Na ocasião disse à Pedro que não gostaria apenas de ser filho de santo do curador, mas que queria dar prosseguimento ao trabalho de sua mãe e se tornar pai de santo também. Quando foi pela primeira vez ao jarê de Pedro, não encontrou o curador. Este estava incorporado com o seu caboclo Sete Serra que falou à Daso que “Seu Pedro” deveria cuidar dos Orixás de Daso para que desenvolvesse a sua mediunidade. Com 30 dias de trabalho feito, em 1996, Daso já era pai de santo. Atualmente é a liderança que mais tem filhos de santo na cidade de Lençóis.
Daso trabalhou em muitas profissões e até passou um tempo em São Paulo trabalhando em metalúrgica, mas é no jarê que encontra sua paixão. O Terreiro Pai Gil de Ogum realiza quatro festas por ano: Cosme e Damião em outubro, Santa Bárbara em dezembro, fechada da casa quinze dias após a Quarta-Feira de Cinzas e a aberta da casa quinze dias após o Sábado de Ale-luia. Conta que as festas podem ter de setenta a 150 pessoas e que a maior dificuldade de um terreiro é angariar fundos para as festas, que geralmente advêm de recursos do pai de santo e doações dos frequentadores.
Daso é também devoto do Senhor dos Passos e há 34 anos carrega o andor durante a festa do padroeiro dos garimpeiros de Lençóis. Sua mãe fez uma promessa ao Senhor dos Passos para que ele sobrevivesse à febre tifoide. Soma-se à promessa da mãe a sua própria promessa: quando foi graduado para ser Pai de Santo, Daso pede ao Senhor dos Passos para conseguir fazer o próprio terreiro. Desde então lava as escadarias junto com as baianas na abertura da novena. Hoje Daso tem um filho de 2 anos que já acorda cantando toque de caboclo. Vê nele a esperança da continuidade do terreiro.
Edivaldo Nunes dos Santos, conhecido como Dil, nasceu em Pau de Colher, zona rural próxima a Lençóis. Sua família é da comunidade quilombola do Remanso, onde atuava o curador Manézi-nho Bumba. Dil adoeceu por causa de uma comida e foi Pedro de Laura que o tratou com um forte purgante. Ficou sete dias internado sob os cuidados de Pedro, porém antes de fazer o seu trabalho, o curador faleceu. Foi então buscar a ajuda na casa de Daso, onde ficou outros sete dias e realizou dois trabalhos que o iniciaram no jarê. Dil possui grande apreço por seu pai de santo e pelo que ele faz pelas pessoas da comunidade.
No Terreiro Boca da Mata de Senhor Ogum, Dil realiza a festa de Santa Bárbara e a festa Cosme e Damião no mesmo dia. Esta última era obrigação de seu filho, em virtude de uma promessa que Terezinha, sua mãe, havia feito.
Dil não é curador, porém reza as pessoas. Conta que trabalha na intenção de um dia ser curador. Ele, todavia, não vê a possibilidade de seus filhos darem continuidade ao seu terreiro pois, para que alguém fique no jarê, este deve morar na roça e dedicar muito do seu tempo às atividades do terreiro: “tem que ter amor e carinho pra cuidar de um tanto de santo desses”.
A mudança de local do seu terreiro também marca a interrupção das práticas de jarê na comu-nidade. Antes sua casa era na cidade, até que as casas vizinhas foram vendidas a evangélicos. Dil então mudou-se para a roça para não assustar ou incomodar os vizinhos, evitando possíveis problemas. Durante a conversa, nos contou também que muitos filhos de santo do jarê muda-ram de religião e acabam por abandonar suas imagens no cemitério ou na encruzilhada.
Idelci Amorim Santos é conhecida como Dinha e hoje comanda a Casa de Ogum das Águas Cla-ras. Começou a ir para o jarê por volta dos 15 anos. A casa que mais frequentava era a de Pedro de Laura. Depois de algum tempo Pedro pediu que Dinha fizesse uma saia de Orixá para ela dançar. A partir deste momento começou a levar o jarê mais a sério. Em um jogo de cartas um vidente revelou que Dinha corria grande risco de morte e pediu que buscasse um curador. Re-correu então a Pedro de Laura que fez suas obrigações à beira do rio Capivara, durante os fes-tejos de Santa Bárbara. Segundo ela, deve sua vida a Pedro, e em qualquer circunstância adversa é por ele que chama: “Se eu estou meio arrochada eu chamo pelo santo dele e sou valida”. Dinha nos conta que nem a morte foi capaz de levar Pedro, pois ainda sente a presença de seu espírito por perto.
Os laços entre os dois ultrapassam o jarê. Pedro cuidou do filho de Dinha, Sandoval, no primeiro mês de vida. Como ainda era muito jovem e sem condições financeiras para cuidar da criança, Dinha aceitou que Pedro o adotasse quando Sandoval tinha 4 anos de idade. Dinha, no entanto, sempre esteve presente na criação de seu filho.
É consenso entre os filhos de santo de Pedro de Laura que o curador é pai de santo de inúmeras pessoas Brasil afora. São tantas que nem conseguem estimar quantos seriam seus filhos de santo. Dinha conta que até recentemente apareciam pessoas de outras cidades buscando por Pedro, sem saber que havia falecido. A devoção a Pedro é tão grande, conta Dinha, que até “a festa que eu faço é do santo de Pedro, é promessa que eu fiz e cumpro todos os anos”. Na Casa de Ogum das Águas Claras são feitas duas festas em uma mesma ocasião: o “cariru” para Cosme e Damião e a festa de Iansã.
Há mais de 40 anos Dinha costura roupas para o jarê. Quando pergunto das cores, explica que roupa para Santa Bárbara deve ter cores vermelha, branca e amarela. Já Oxum, usa amarelo. Mas é possível fazer uma roupa amarela e vermelha “que vai pegar as duas Orixás”. É visível o esmero em suas criações: laços de fita, rendas, camadas de tecido e mangas bufantes. “Se eu pudesse eu botava minhas meninas para vestir ouro! Quando a gente dá valor ao Orixá parece que a gente está voando com a roupa”.
José Henrique dos Santos é conhecido como Mussum, seu terreiro de jarê dos Filhos de Deus e Oxalá fica no alto Capivari, muito próximo à casa de Pedro de Laura. Mussum chegou em Lençóis em 1973, aos 18 anos, criando raízes na cidade ao se casar quando tinha 22 anos. A família de Mussum já tinha suas obrigações com as entidades. Sua avó era parteira e trabalhava com Nanã Borocô. Após falecer aos 116 anos, sua filha assume a responsabilidade e trabalha com Costa Nagô “segurando menino”. Mussum veio a conhecer Pedro de Laura e foi trabalhar com ele como ajudante de pedreiro. Assim que Pedro fez um jogo de búzios, Mussum descobriu que teria que cuidar de sua aldeia e das entidades deixadas por sua mãe. Mussum que hoje está com 59 anos, foi o penúltimo a fazer santo com o curador Pedro, entre 1983 e 1984.
Após o falecimento de Pedro, Mussum vai em busca do curador Zeca do Barbosa de Itaetê, pai de santo de sua mãe, avó e irmã. Zeca “tirou a mão fria” de Pedro, mas infelizmente veio a falecer seis anos depois. Mussum então vai à cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, em busca de outra liderança religiosa capaz de tirar a mão fria do segundo curador. O pai de santo de Cachoeira o dispensou de cumprir a obrigação naquele momento, dizendo que só precisa fazer um reforço dela após oitenta anos.
Seu filho Aílton atuou no filme “Besouro”, rodado em Lençóis em 2009. O dinheiro que ganhou com a filmagem foi entregue ao pai para que pudesse comprar o direito de posse do terreno onde viria a construir o Terreiro dos Filhos de Deus e Oxalá. A família de Mussum mantém e transmite as tradições da cultura lençoense. Sua esposa, Nega, é atuante na Sociedade União dos Mineiros, uma das organizações responsáveis pela realização da Festa de Senhor dos Passos. Seu neto Tiago, com apenas 14 anos, participa da marujada, Lyra, capoeira, além de acompanhar os festejos da casa de seu avô. O terreiro de Mussum realiza cinco festas por ano: a aberta e fechada da casa, Caboclo Rei Marinho, Senhora Santana e Iansã.
Pedro Gabriel Santos de Jesus, o Pepê, teve sua iniciação no jarê aos 3 dias de vida quando recebeu pela primeira vez sua entidade de coroa. Na ocasião, foi dado como morto pela avó e levado às pressas ao hospital, onde acabou se recuperando após 24 horas de internação.
Pepê era uma criança apática. Não brincava, não comia ou bebia. Segundo ele, foi “um sofri-mento até eu entender que era da religião”. Aos sete anos acompanha sua avó no jarê, onde recebe uma entidade que manda um recado: Pepê teria que seguir as doutrinas senão seria levado para o outro reino. Assim começa a se tratar. Em Utinga fez as obrigações com a mãe de santo Irani Gonçalves, que fez santo na cidade de Cachoeira. É enrolado, catulado, raspado e coroado. Com apenas 12 anos de idade, Pepê se torna pai de santo.
Pepê conta que sua casa é de Umbanda. Contudo, é visível a influência do jarê no peji, nas ves-timentas e outros elementos do Castelo de Ogum. Apesar de alguns festejos para Cosme e Da-mião, conhecidos como “mesa”, serem realizadas dentro da cidade, os terreiros de jarê se si-tuam afastados do centro, com acesso por vezes difícil em estradas precárias que cruzam rios. Única exceção à regra é o terreiro de Pepê que fica no bairro do Tomba, um dos mais populosos de Lençóis e próximo ao centro.
O Boiadeiro é a entidade de frente da casa. No pátio da casa há um mourão de boiadeiro, co-berto de palha e rodeado de folha de aroeira onde o boiadeiro trabalha. As festas do Castelo de Ogum são: Cosme e Damião, Boiadeiro, Oxóssi, Iemanjá e Santa Bárbara. Cada festa recebe ao menos cem pessoas, entre filhos de santo e visitas.
Pepê é o pai de santo mais novo da cidade. Com a grande responsabilidade que assume apesar da pouca idade, tem apenas 20 anos, ele representa a transmissão da religião para as novas gerações. Na sua fé existe o compromisso com essa continuidade: “não deixa e nunca deixará a umbanda, o candomblé, nem o jarê acabar. No jarê eu nasci, no jarê eu me criei, e no jarê eu morrerei. Isso é uma mensagem que meu pai Ogum e Oxalá passam para todos”.
Valdelice Nascimento de Jesus começou a dar sua canjica para Cosme e Damião depois que teve gêmeas, há 39 anos. Seu terreiro Águas de Iemanjá está localizado no bairro do Baixio há 19 anos, mas é participante no jarê desde muito antes: “entrei no jarê na barriga da minha mãe”. Originalmente seu terreiro era na “latada”, construção simples com base de madeira e coberta de palhas, que se difere das casas de taipa por não ter enchimento nas paredes. Por vezes Val-delice faz uma nova promessa, e paga com um “cariru”, além da tradicional canjica.
Seu primeiro trabalho foi feito quando tinha nove anos de idade, e o batizado aos 17 anos, com o curador Pedro de Laura. Sua família inteira era da casa de Pedro. Valdelice conta com nostalgia da época que tinha jarê para todos os lados. Nos dias 7, 17 e 27 de setembro todas as casas festejavam Cosme e Damião. Atualmente, conta com o apoio de sua família na condução dos festejos de sua casa de jarê, tanto do marido Corró, como de suas filhas, e espera que elas con-tinuem com os festejos de Iemanjá realizados no mês de fevereiro.
Antigos curadores e lideranças que foram citados durante as entrevistas:
Pedro de Laura, Zé da Bastiana, Valdemar, Flora, Domingos Narizinho, Dona Aninha, Flora, Alice, Bela Sacola, Luzia, Joaninha Palito, Valdé de Garrincha, Ana Rosa, Ana Trancinha, Dona Nena, Dona Alice, Pedrina, Maria Ingrassa, Balbina de Salu, Ana de Leque, Dona Roxa, Dona Pomba, Dona Roxa Cassiano.